tag:blogger.com,1999:blog-289076282024-03-14T01:37:10.251-03:00DelasBLOGEIROhttp://www.blogger.com/profile/17906728612550771936noreply@blogger.comBlogger229125tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-29032168465769758522008-04-18T16:56:00.000-03:002008-04-18T16:57:19.492-03:00<img src=http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headerdiana.jpg ><br /><br /><br /><br />O redondo de quando eu fui saber a esfera me perdeu e me deixou. Eu fico hoje a espera do mundo, espera do eterno. Quanta leveza e eu nem sabia que era possível, que ao me entregar eu me libertava de tudo o que era estreito. Estou na vida em circunferência, não quero linhas retas, não quero metas e objetivos. Os objetivos só me são bem vindos se forem via círculo. Chega de traços retos - prefiro curvas e voltas.diana herzoghttp://www.blogger.com/profile/12354239616372938021noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-42431428505026433272008-02-29T00:07:00.009-03:002008-03-03T23:04:15.753-03:00<img src="http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headercrischevriet.jpg" /><br /><br /><br /><br /><em><strong>A história que ainda não li </strong></em><br /><br />Porque a vida estivesse pálida, porque a vida estivesse boa porém tristonha e levemente resfriada, entrou em um Café e pediu um espresso.<br />Ao que o atendente retrucou específico:<br />- Curto?<br />- Longo.<br />- Açucar?<br />- Amargo.<br />- Com creme?<br />- Não...mas pode botar um pouco de <strong>mitologia</strong>. <br /><br />Silêncio.<br /><br />- Fica mais interessante.<br /><br />Pegou o Metrô. Alfândega, Senhor dos Passos, Buenos Aires. Fim de tarde. Entrou. Escolheu a mesa perto do balcão. Água fresca gasosa, café forte misturado ao sabor do cardomono.<br />Cremoso é o sonho. No fundo do copo, o oráculo.<br /><br />- Quer mais?<br />- Depois. Agora, lê pra mim...<br />- Um poema?<br />- Não. A minha vida desenhada na louça.<br />- A borra? <br />- É. Um destino. O que me espera.<br />- Não sei se posso, é coisa séria.<br />- Lê,inventa, adivinha.<br /><br />...porque a vida estivesse trêmula e distante no entanto sempre faminta, um tanto quanto tensa, mas de olhos brilhantes<br /><br />...era deste modo, como a cumprir um destino desprovido de culpas, e sem lamentações, que se entenderam<br /><br />...enquanto anoitecia uma noite clara,<br />porque a vida afinal de contas não passava de uma história inventada de verdade com o gosto aromático e muito pessoal do café.Crishttp://www.blogger.com/profile/08850113388695696399noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-62668149047587388392008-02-27T17:48:00.001-03:002008-02-27T17:48:55.355-03:00<img src=http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headerlucia.jpg ><br /><br /><br /><br /><br /><br />A indiferença do mar, das pedras e das estrelas nos acompanha por toda a vida. Somos vítimas do descaso cósmico que atesta nossa solidão inescapável, nosso vôo solo, do parto ao pó. Grão de areia piegas nas profundezas abissais, responsáveis por cada irresponsabilidade própria de nossa comédia privada. Personagens cartas-marcadas da <strong>mitologia</strong> universal, fadados a performar um enredo repetido - sem esmorecer.Escotilha Entreabertahttp://www.blogger.com/profile/15885393618159218853noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-34441487258864651532008-02-25T13:43:00.000-03:002008-02-25T13:44:58.151-03:00<img src=http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headercarolina.jpg ><br /><br /><br /><strong>De repente o furacão.</strong><br /><br />Aquela paz até assustava. Por algum momento parecia que tudo tinha tomado seu rumo, e a paz permaneceria para sempre. As opiniões opostas, as crenças, o modo de viver, a cor do cabelo,... Nada disso importava mais. Juntos eram um só. Utopia foi pensar assim. Na primeira oportunidade de mostrar as garras, foi feito. Arranhões, gritos e injúrias. Ir contra quem não pode revidar é fácil, é covardia. O erro foi esse. Achar que quem não podia ir contra, fosse ficar de cabeça baixa. Num momento de força e espírito guerreiro, vespas saíram de sua boca e raios de seu olhar. Aquela força interna que espantou o inimigo, também serviu para fazer o “guerreiro” chorar. Lágrimas de quem não pode mudar o mundo. Lágrimas de quem está enclausurado e vive sob regras hipócritas e em uma sociedade medíocre.<br />Lágrima de uma guerra perdida.Carol Aquinihttp://www.blogger.com/profile/11914475982383473165noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-81576296694785646542008-02-22T12:12:00.001-03:002008-02-22T12:14:56.192-03:00<img src=http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headerdiana.jpg ><br /><br /><br /><br />20-12-07<br /><br />Sinto um pânico, meu corpo todo treme. Acabo viver pela primeira vez o encontro que eu mais temia desde que moro sozinha. Estava feliz falando ao telefone com minha prima mais querida que vive em Londres, na maior descontração, enquanto dava uma de Marineide na minha casinha. Varria o chão, passava um pano, varria o chão passava um pano. Fiz isso pela casa toda, quando cheguei na cozinha, fui passar o pano debaixo do fogão, foi então que o pânico tomou conta. Finalmente esbarrei com meu mais temido obstáculo - uma barata gigantesca se encontrava embaixo do aparelho doméstico que eu mais gosto. Estou sempre ali cozinhando, e aquela <strong>criatura</strong> ali embaixo vendo os meus pezinhos!!! Que horror!!! Que medo!!! Comecei a gritar, chorar, rir de nervoso, pânico, e total consciência da situação patética que eu estava a encenar. Acho que só ri, porque minha prima estava do outro lado do telefone às gargalhadas, não deu pra não ter crítica, era realmente ridículo, mas completamente verdadeiro e neurótico. Não sabia o que fazer, e a minha casa é toda aberta, não tem quarto – conclusão não dá pra fechar a porta. Era eu e a barata dividindo o mesmo pequeno espaço. Eu já suava, sentia o calor do pânico, não dava para sair correndo, estava de pijama! Tive que respirar fundo, para pensar em uma saída. Coloquei qualquer roupa correndo e desci para chamar o que hoje seria o homem da casa!!! Falei com Vicente o porteiro. Com lágrimas e uma voz sofrida disse: Vicente pelo amor de deus vem matar uma barata pra mim!! Por favor! Obviamente, ele começou a rir - quem não faria o mesmo?! Ele subiu, tirou a barata, que estava morta e saiu rindo, e eu só chorava. <br />Nesse exato momento em que escrevo para tentar aliviar a tensão, não tenho coragem de entrar na minha cozinha. Liguei para minha mãe e pedi para que a moça que arruma a casa dela viesse para cá, só pra limpar o espaço em que aquele ser chegou a ocupar. <br />Sei-lá tenho medo de achar uma asinha, uma antena – isso significaria outro ataque de pânico. Ainda encontro-me bem nervosa, ou seja, enquanto escrevo sinto a barata andando no meu cabelo, no meu braço, nas minhas costas, está tudo coçando!!! Vou sair daqui agora correndo para minha sessão de análise, porque só com muito tratamento mesmo.<br /><br />--------------------------------------------------------------------<br /><br />Escrevo e apago, escrevo e apago, uma <strong>criatura</strong> indecisa, que não sabe escolher, não sabe selecionar. Vai quando não sabe nem porque chegou. Ela procura um buraco quando a superfície se entrega lisa. A superfície não é sempre assim, já a vi dura, grossa, densa, escura. E é sempre assim que a <strong>criatura</strong> quer se enxergar. Ela acha que se percebe mais no escuro. Não faz o menor sentido, porque tenho certeza que eu me sensibilizo no claro, na luz. Assim consigo me enrolar, me entregar, mas a <strong>criatura</strong> não sabe de nada. Ela é <strong>criatura</strong>, não tem definição, não se encaixa no mundo, não faz parte de uma classificação biológica, ela está à margem dos humanos e de todos os grupos que eles, os humanos identificam. Ela - no meio da escuridão e no escanteio se vê livre. É claro!<br />Livre porque não se encaixa!<br />Também não quero me encaixar!<br />Não quero fazer parte dessa formalidade vazia criada nem sei quando, nem sei por quem, mas foi inventada por outro. <br />A <strong>criatura</strong> vive de acordo com ela mesma, eu vivo de acordo com o outro, na verdade vivo de acordo com os outros, com as normas, idéias, expectativas. <br />Vou pular - me tornar criatura, me emburacar no escuro e assim expor todos os meus outros sentidos, não enxergar a luz, mas ouvir, degustar, sentir e cheirar o branco.diana herzoghttp://www.blogger.com/profile/12354239616372938021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-39773526650870440852008-02-22T09:41:00.006-03:002008-02-22T15:17:14.802-03:00<div align="justify"><img src="http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headercrischevriet.jpg" /></div><p align="center"><br /><br /><br /><br />A <strong>criatura</strong> que imagino ser mora comigo na beleza<br />No engano do pensamento que traz a calma divina<br />Do equilíbrio entre a razão e realidade<br /><br />No entanto Deus é imperfeito<br />Porque nos fez à sua imagem e semelhança<br />E ela me acompanha, a me encarar<br />No espelho que me desentende<br />No reflexo desigual, a sombra<br />É a divina forma a se transformar<br />A forma de Deus é mutante e a imperfeição é o seu segredo<br />E para o sentido da obra ele fez o tempo<br />Porque a cada minuto meu olho está diferente<br /><br /><br />A <strong>criatura</strong> que eu gostaria de ser<br />Ainda estou a procura, ela é platônica<br />Às vezes me esquece, às vezes me diz que sou cansativa<br />No entando eu gosto dela<br />Mas sinceramente, aquela que eu gostaria de ser<br />É confusa e não me obedece<br />Mora comigo e repetidamente<br />Abandona, viaja, me larga,some,<br /><br />A <strong>criatura</strong> que eu gostaria de ser<br />Arrasta com ela quem sou<br />Deixa-me,<br />Deixa-me solitária,<br />Sem ao menos bilhete e considerações<br />E dentro de mim o deserto, o desalento<br />A chuva fina, a noite fria<br /><br />Deixa-me quem sou <br />Deixa-me, sem amarras<br />À mercê dos caprichos, de perigos<br />Dentro mim ninguém<br />Dentro de mim alguém<br />Uma <strong>criatura</strong> que desconheço<br />Dentro de mim<br />Eu?</p>Crishttp://www.blogger.com/profile/08850113388695696399noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-67031959662125228102008-02-18T22:03:00.002-03:002008-02-18T22:06:11.884-03:00<img src=http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headercarolina.jpg ><br /><br /><br /><br /><strong>O casamento</strong><br /><br /><br />Maria nunca gostou da idéia de casar na igreja, mas pela insistência de Augusto <br />acabou cedendo. A data já estava marcada, os convites distribuídos, e alguns presentes já haviam chegado em sua casa. Mas Maria não esboçava um sorriso. Augusto dizia que era nervosismo, sua mãe temia que estivesse grávida, já sua tia pensava num possível amante. Mas Maria desmentia todas as hipóteses.<br />Isabel, prima de Maria, e uma das madrinhas havia falecido recentemente. Augusto quis substituí-la, mas Maria achou um absurdo e se trancou em seu quarto. O noivo já não agüentava mais todos os caprichos de sua noiva. Tudo para ela era mais complicado. Resolveu que iria desmarcar o casório. Convencido pela sogra de que ela conversaria com a filha ele desistiu da idéia.<br />Maria parecia doente, nem parecia noiva. Cogitou em casar de preto se não a deixassem em paz. Ela queria mesmo era estar de luto. Sua mãe foi dura no sermão e na mesma noite, Maria se apresentou na sala de jantar, pediu desculpa a todos e confirmou a bendita data.<br />O grande dia chegou! A igreja estava linda, toda enfeitada com copos de leite. Augusto estava inquieto, temia que a noiva mudasse de idéia. Maria chegou. Linda! Ninguém nunca havia visto noiva tão bonita, fora à expressão de Maria o resto estava todo lindo.<br />A cerimônia corria bem até Maria começar a chorar. Augusto dizia ao padre que a futura esposa era muito emotiva, mas aquele chororo já passava dos limites, ou ela parava ou a cerimônia teria que ser cancelada. Augusto impaciente mandou a noiva parar, e ela num impulso deu um grito, dizendo que a prima não queria que ela se casasse. A mãe desmaiou de desgosto, a tia achou que era um típico caso de loucura. Augusto imaginou que fosse uma tentativa para não se casar. Pegou a mulher em seus braços e disse “Você vai casar comigo agora”. Maria se soltou e correu até o meio da igreja, dizendo que não iria se cassar. Olhava para frente e chorava, tentava abraçar algo, mas só havia vento, então ela caiu. Maria chamava por Isabel. Augusto foi embora. Maria ficou caída no chão da igreja trocando juras de amor com sua prima, morta.Carol Aquinihttp://www.blogger.com/profile/11914475982383473165noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-4114475304299500892008-02-15T01:38:00.001-02:002008-02-15T01:40:39.912-02:00<img src=http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headerdiana.jpg ><br /><br /><br /><br />Encontro-me em desconfiguração. Assisti Piaf, e vi o que é uma atriz. Uma atriz fazendo escolhas, uma atriz vivendo e fazendo o outro viver. Saí do cinema um lixo, soluçava, ria de constrangimento, estava completamente descompensada, desconfigurada. A história é triste, emocionante.... mas, não foi isso que me tocou. Fiquei profundamente emocionada em ver o trabalho dessa atriz, pude no momento em que assistia ao filme, me preencher de desejos como atriz. Desejo viver essa intensidade, desejo evocar essa intensidade no mundo, essa mulher fez isso!! Tudo bem que vivo um momento bem sensível e suscetível, acho que sou capaz de chorar com um comercial, mas esse momento só soma, só pontecializa esse filme. Saí apaixonada, apaixonada pela minha profissão, apaixonada pela vida, apaixonada por estar viva - apaixonada por estar viva e assim me permitir ansiedade, sofrimento, angustia, paixão, incerteza, plenitude, insatisfação, satisfação, certeza, incerteza, esperança, desejo... Vivo com desejo, vivo com medo, vivo na vida, vivo. Hoje me encontro desconfigurada, porque a cada dia me reconheço menos, e me percebo mais. Hoje depois de um bom tempo estou me permitindo olhar para outro, apesar do meu discurso egoísta, reservado - me permito no outro.diana herzoghttp://www.blogger.com/profile/12354239616372938021noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-35281432274872039042008-02-15T00:07:00.004-02:002008-02-15T08:09:26.803-02:00<div align="justify"><img src="http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headercrischevriet.jpg" /><br /></div><p align="center"><br /><br /><br /><br /><strong><em>Gossip Live , True Life</em></strong><br /><br />Ouvi dizer que aquela pessoa, que você sabe quem, fez aquilo, no ano passado, faltava uma semana para o final de Junho , o Flamengo empatou com o Vasco e foi neste fim de semana que tudo aconteceu, quando o juiz não marcou o pênalti...<br /><br />Não, não, não...não ouça o que o fulano diz, ele não sabe de nada, não tem erro o que estou contando, porque tenho intimidade com a tal, que estava junto quando tudo aconteceu e a pessoa - que você sabe quem - me contou, muito minha amiga, e nem foi assim como dizem, com tamanha intensidade, o povo não sabe nada desta novela, que conheço a fundo, acompanhei.<br />Naquele inverno, a gente viajou, e rolou um vinho, o frio, lareira, sabe como é, vida e morte de Lady Di, documentário na Tv, e a agitada vida sentimental alheia sendo discutida por nós, diversos detalhes para comentar, sobre o gosto e a preferência dos outros - e rendas que é melhor ocultar - gafes, excentricidades...a trabalhosa ocupação da falta de assunto...bem, falamos da nossa vida, claro, mas pouco,muito pouco!!!<br /> <br />Porque ela é discreta, muito discreta, discretíssima, não gosta deste assunto, mas eu percebi, percebi, nada me escapa, tenho o olho clínico, já posso até ser dona do bordel!!! <br /><br />Não sei o que dizem por aí, aconteceu mais ou menos assim, e não vou dar os detalhes porque seria anti-ético da minha parte, sabe como é, eu prezo esta amizade, mas se você quiser posso contar alguma coisa só para o seu conhecimento, para não ficar desprevenido, a título de aconselhamento....<br />Vai devagar, vai devagar, já dizia minha mãe, porque devagar se vai longe...e que esta história foi além do esperado, isso foi...como eu sei? Oras, como eu sei, já não falei que sou íntima dela? E também porque as pessoas falam, a gente ouve, deduz, calcula, e a coisa cresceu, foi assim mesmo, não ia ter esta proporção se fosse tudo inventado, então, é o que se supõem. Eu sei, com certeza, teve quem gostou e teve quem não gostasse, mas o que falo confirmo, é quase certo que sim, porque a prima de uma das partes, que também é minha amiga, almoçou com um ex-caso desta pessoa que a gente acha que “tá” rolando a história, e revelou os detalhes...<br /><br />Então, não tem como estar errado, todo boato nasce de uma língua ferina, uma mentira, uma lente de aumento talvez, tudo bem, mas se todo boato tem um fundo de verdade, a verdade tem várias línguas, toda verdade é relativa, e depende do referencial, já comprovou a Física...e de fato se aconteceu como imagino, acaba sendo quase como disseram, e a pessoa que não vou revelar o nome - você sabe quem -e já notou o jeito, ali não tem como não ser como falaram que foi, muita música, muito riso, quem pode, quem agüenta, concorda? Dou razão, apoio...se foi bom ninguém pode dizer, o depois é um mistério, é somente o silêncio, ela não comenta, faz a linha educada, mas a gente sabe, tem experiência, né? Consegue ver além das coisas, por isso... <br /><br />Pois é. E no fim é um jogo, uma ácida brincadeira, a verdade tem várias bocas e opiniões, e cada pessoa uma configuração diferente para o mesmo acontecimento. O mundo, o vasto mundo, passa a ter direito autoral sobre a história dos outros enquanto a realidade vai sendo esquecida. A realidade -a verdade que ninguém se interessou em saber - só existe dentro de um alguém que nem mesmo mereceu o crédito, a palavra.<br /><br />Como foi, porque foi, quem sentiu, o que restou...<br />Nada importa quando a vida é uma ciranda de risos, "gossip live, true life", onde mais poderoso que a física, só o boato.<br /><br />Outro dia me perguntaram:- Quer ouvir uma fofoca engraçada?<br /> <br />- Não, estou sem fome. Obrigada.Crishttp://www.blogger.com/profile/08850113388695696399noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-17351404554282686972008-02-11T05:30:00.000-02:002008-02-11T05:37:12.312-02:00<img src=http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headercarolina.jpg ><br /><br /><br /><strong>Configuração</strong><br /><br />Dia após dia, dúvida após dúvida, amores após amores. Vida.<br />Um dia desses estava sentada me imaginando na praia, há tempos não vou até lá... Fechava os olhos e sentia os grãos de areia. Se forçasse mais um pouquinho sentia a brisa do mar. Se forçasse mais ainda, as águas super geladas envolvendo meu corpo... Saudade do mar. Saudade do lugar onde me confessava e me purificava. Saudade da areia, de deixar registrado nela os meus sentimentos. Saudade de me apaixonar. Saudade de sentir saudade. <br />Saudade daquele lugar onde eu sempre quis estar.<br />Saudade...Carol Aquinihttp://www.blogger.com/profile/11914475982383473165noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-49842888406956728622008-02-08T15:41:00.000-02:002008-02-08T15:45:27.366-02:00praça pio xi 70<br /><br />diana herzog<br /><br />nem mais palavra tem!!! que triste! situação formidavel para todos os preguiçosos, rsrrsrs!!!diana herzoghttp://www.blogger.com/profile/12354239616372938021noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-36220535502398314882008-02-06T22:01:00.000-02:002008-02-06T22:03:11.180-02:00<img src=http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headerlucia.jpg ><br /><br /><br /><br /><br />Mergulho na praia ventosa. A terra respira, tempestuosa. A areia fina serpenteia, helicoidal, em turbilhões, ao meu redor e eu, abatida sem clemência, abaixo os cornos encapuzados em minha capa e invisto. Submerjo camada por camada, tensionadas, ululando, wagnerianas, em meus ouvidos, cegando meus olhos que, por apertos míopes, borrifam lágrimas salgadas, quentes. <br />Ando de frente, de costas. A capa balão acompanha o Sirocco buziano; gruda, ventosa, em meu corpo. Proa, popa. O elástico do cabelo é tragado por uma turbina de Odin. Palhas salgadas, ressequidas, de cana de açúcar, chicoteiam, furiosas, escapando ao capuz, curiosas.<br />Salpicados na areia, aqui e ali e lá na frente e onde ficou prá trás, pingüins, náufragos dos ventos, das marés. Atraídos obsessivos e obcecados pela ânsia comum de penetrar na corrente do jato. Como pensamentos e gozos vertiginosos, convertidos em formidável energia eólica, detonando birutas em preto e branco.Escotilha Entreabertahttp://www.blogger.com/profile/15885393618159218853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-64032280101227744592008-02-01T22:33:00.000-02:002008-02-01T22:34:01.721-02:00<img src=http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headerdiana.jpg ><br /><br /><br /><br />O que seria senão a menor das tentativas, ir ao longe, buscar o que não tinha mais jeito. Eu quando quero me livrar, me descompor do que parece vagamente uma semelhança ao mais desconhecido dos mundos, fico querendo... Quero não sei, vou para onde surgir e buscar não sei o que. Não me interessa se é <strong>formidável</strong>, se é ou não qualquer parêntese. Escrevo e não busco sentido. Escrevo e as palavras a cada teclada aparecem nessa tela, é estranho, tento o desapego do controle, do sentido, os impulsos ganham espaço. Vida, a não escolha. A vivência. Só estar e pronto. Acho que as palavras aparecem sozinhas, independentes de um pensamento prévio, o estar leva a construção de um possível ser, que na verdade nunca será, ele é. Sento, e de repente as letras se misturam, não entendo mais diajok, vcoi jc eoiumooij – apomtnh. Xkjij, eijlkvh sk ajko adi ahoiem. Ukom zaijl oljiioa oijl io, ao loijo coió.diana herzoghttp://www.blogger.com/profile/12354239616372938021noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-88563861265981402332008-01-31T10:57:00.000-02:002008-02-01T09:01:40.064-02:00<div align="justify"><img src="http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headercrischevriet.jpg" /><br /></div><p align="center"><br /><br /><br /><br /><strong><em>“te amo como amo tuas ideias, q sao minhas e de todos q se entregam a elas, saudades, bjs”<br /></em></strong></p><p align="center"><strong></strong></p><p align="left"><br /><strong></strong></p><p align="justify"><strong>Formidável.</strong> Colossal, gigantesco, fantástico, magnífico, extraordinário.<br /><br />As palavras são assim. Um significado e muitas nuances. Cada sinônimo uma carga de sentimento, uma nova imagem, uma outra maneira de se dizer quase a mesma coisa. Eu aprendo muito com as palavras e nos últimos tempos o exercício obrigatório de escrever, acima de qualquer inspiração, tem me tornado uma pessoa melhor, mais feliz. Agora estou mais excentricamente eu e sabe-se lá o ônus que isso me causa, não sei, não me importa.<br /><br />Eu não nasci para ser normal. No sentido mais perverso da normalidade. Desde que me entendo por gente penso ter aterrisado no planeta errado. Quando senti que ser diferente é formidável a tranqüilidade tomou conta de mim. Quando percebi que possuía o trunfo da estranheza a vida ficou mas fácil. Entendi que não posso ser ninguém melhor, se não for eu totalmente. O grande desafio está em mim. Na minha falta de normalidade. Na minha capacidade de me reinventar. Na minha tolerância. A minha tolerância é silenciosa mas não admite a prisão dos rótulos e não suporta as analises sociais feitas com base na falta de assunto.<br /><br />Eu quero ser meu próprio personagem.<br /><br />O meu personagem vive aventuras e tem um coração que segue uma bússola doida, ele quer o amor, ele quer amar o amor que existe no mundo. Ele tem uma saga a cumprir e descobriu que ser apropriado e caber dentro do paletó atrapalha. O meu herói frágil mas ainda sim um herói, não tem armas e só acredita na palavra, na palavra dita de todas as formas, na palavra sentida de todas as maneiras. Eu sigo com ele a descobrir trilhas para alcançar um lugar que nunca chega, pois o nosso lugar está no caminho. </p><p align="justify">Faz tempo deixei de querer me encaixar, deixei de querer caber na roupa, deixei de usar o figurino adequado. O que sei é o que sinto. Estou a cada dia mais inteira com todas as minhas manias e fragilidades, verborragias e vícios, mas estou. E estar inteiramente em si é como um egoísmo que nos transforma na pessoa mais generosa do mundo.<br /><br />Eu quero o que me é extraordinário. Eu quero os vários tons da mesma palavra. Todos os sinônimos. E o meu personagem é intenso, está cada vez mais destemido e amoroso, estranhamente amoroso. Ser amoroso é a grande rebeldia. E saber receber o amor o maior de todos os desafios.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /></p>Crishttp://www.blogger.com/profile/08850113388695696399noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-63731242336520644552008-01-25T21:33:00.000-02:002008-01-25T22:30:28.069-02:00<div><img src="http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headervytoria.jpg" /><br /><br /><br /><strong>Chororô</strong><br /><br />Escuta,<br />O mar faz barulho aqui dentro,<br />no meu quarto !<br />Grandes ondas ,<br />batem fortes nas pedras por aqui.<br />Todos os dias enchentes,<br />meus olhos oceanos.<br />Você se mudou de mim, assim...<br />sem dizer nada... saiu<br />no meio da sua <strong>festa</strong>.<br />Nem ficou pro bolo,<br />pro “parabéns”,<br />pros docinhos que fiz com tanto esmero!<br />Você disse: <em>eu amo casadinhos, eu quero tanto comê-los!<br /></em>Eu repliquei : <em>amor, melhor cajuzinho! Casadinhos são dois brigadeiros , dá trabalho fazê-los !<br /></em>Pois é... e ... você ... não esperou para vê-los...<br />Fiquei sem entender...<br />nem um bilhete,<br />não disse adeus...<br />nem um abraço ...<br />Agora me diz, sugere... vai...<br />O que é que eu faço?<br />Olha, tem madrugadas que fico no meio da rua,<br />nua e salgada, sem poder entrar na minha própria casa.<br />Me devolve , vai...<br />pelo menos o controle...<br />da minha garagem.<br /><br /><br /><br /><br /><br /> </div><div align="justify"></div><div><br /></div><div align="justify"></div><div><br /></div><div align="justify"></div>Vytoria Rudanhttp://www.blogger.com/profile/01500513429623900488noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-49035023535045696222008-01-25T08:44:00.001-02:002008-01-25T08:44:59.036-02:00<img src=http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headerdiana.jpg ><br /><br /><br /><br />A minha janela me chama. Estou em casa, não sei nada. Não sei o que eu quero. Também não sei o que escrever. Li muitos textos que eu escrevi, mas não sei o que escrever, quase um “writer´s block”. Adoraria escrever uma história com Marta, Maria ou Sofia, mas elas não falam comigo. Só consigo ouvir a minha janela e João Gilberto. Essa tranqüilidade é boa, as <strong>festas</strong> acabaram. Dialogo com meu querido apartamento, estava com saudades – minha cozinha, minhas panelas e uma garrafa de vinho. Essa pracinha debaixo da chuva só soma nesse momento. Essa é a minha festinha, mato saudades do meu espaço que tem a minha cara.diana herzoghttp://www.blogger.com/profile/12354239616372938021noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-5201388353760479572008-01-24T09:05:00.000-02:002008-01-24T10:52:23.867-02:00<div align="justify"><img src="http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headercrischevriet.jpg" /><br /><br /><br /><br /><br />- o texto de hoje tem os requintes de correção ortográfica, e generosidade, da minha amiga Lili Rio Branco -<br /><br /><strong><br />A vida na chama da vela</strong><br /><br /><br />...a madrugada tem mistérios que devem ser tomados delicadamente como quem degusta uma bebida rara. A madrugada e seus mistérios devem chegar sem atropelos porque a revelação trazida no escuro da noite, no alvorecer do dia, pode ser incômoda, como um carinho que ainda não se está preparado para sentir. Deve-se estar aberto para recebê-lo, pois o escuro da noite tem a doçura que não transborda. O silêncio da noite dorme, balançante, na chama da vela e a vida existe, eu a sinto no cheiro de oliva e ervas. Eu respiro o escuro da noite que entra pela minha porta, a madrugada está simples e sem mistérios porque eu estou simples e sem mistérios, estou primitiva...<br /><br />...meditar é não pensar, é outro estado de ser, é entender de um modo não humano, ir onde os pés não chegam, onde as mãos não alcançam. Não há verbo no meu pensamento apenas o mistério dentro de mim. Não há razão, não há objetos, nem eu, nem você. O que há é a ausência do corpo noutro corpo profundo, onde não enxergo com estes meus olhos que parecem cegos. Medito. Já não preciso dos sentidos na madrugada porque eu a bebi vagarosamente e com delicadeza. Medito.<br /><br />...A madrugada brilha, me toma, ela inteira e seus mistérios. O silêncio é intenso e dele fazem parte os pequenos barulhos da rua. Estou só e o silêncio é meu. Estou incrivelmente só. Não há o que temer, sou um eu sem eu, sem corpo, não me sinto humana, mas minhas mãos flamejantes tocam o escuro da noite, a madrugada, que recebo como um carinho que estou preparada para sentir. Meu espírito está em <strong>festa</strong>. </div>Crishttp://www.blogger.com/profile/08850113388695696399noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-16803413903620532722008-01-23T16:49:00.000-02:002008-01-24T08:59:59.438-02:00<img src=http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headermaribradford.jpg ><br /><br /><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold">HAPPY BDAY</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizEEfKjhJUvdl-HrBIjacypIWZ_p_nKqlreZfwn7XpbBG9TbAhP5BZhV3VppGMcbbEd2Sbp5o-eAvyuK3mehmOfNfEAyWGCsoK5xw_dPs5Y4vGqG8TmLC49tDBbLfR25Qw_W5udA/s1600-h/jr.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5158747062180060834" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizEEfKjhJUvdl-HrBIjacypIWZ_p_nKqlreZfwn7XpbBG9TbAhP5BZhV3VppGMcbbEd2Sbp5o-eAvyuK3mehmOfNfEAyWGCsoK5xw_dPs5Y4vGqG8TmLC49tDBbLfR25Qw_W5udA/s400/jr.jpg" border="0" /></a><br /><br /><p align="justify">Em alguma madrugada cinzenta perdida em fevereiro, ela abriu os olhos. As primeiras gotículas da frente fria já serpeavam inquietas do lado de fora da janela e, tendo passado por momentos tempestuosos nos meses anteriores, ela torceu para que a chuva fosse apenas coincidência. Mas, se tratando daquele dia, era difícil acreditar nisso. Essa era uma daquelas manhãs nas quais a gente tem até medo de colocar os pés pra fora da cama sabendo que, no exato momento em que fizer isso, estará dando o primeiro passo dentro de uma nova fase. A luz forte que sua mãe acendera para arrancá-la da cama refletia seus cabelos exageradamente ruivos na parede e, embora tudo conspirasse para que não o fizesse, ela abriu os olhos. E foi.<br /><br />A apreensão tomou forma de euforia e, logo em seguida, a tranqüilidade também disse olá. Os dias passaram e, entre um copo de caipirinha e um olhar fotográfico de reconhecimento, ela ganhou um presente. Desconhecia o remetente e não sabia por que haviam lhe enviado aquilo. Era um baú de madeira, desses antigos que a gente vê em filme de pirata. De início, ela achou gozada a aproximação repentina, mas foi em pouco tempo – e um lindo tempo – que a arca transformou indiferença em afeto.<br /><br />As pessoas que viviam perto estranhavam a arca e, por vezes, queriam machucá-la. Ela detestava essa gente. Não era pra menos, e a menina, que insista em ver cada pessoa como o melhor ser humano existente, pasmem, no fundo também só enxergava maldade nos novos estranhos. Esse foi o primeiro sentimento que a garota e a arca dividiram. Só o primeiro.<br /><br />A partir daí, timidamente, dividiram horas a fio de conversas sobre livros, amigos em comum e sonhos. Aí, passaram a falar mal de gente feia, burra e mal-vestida. Cumplicidade. As idéias batiam, se enroscavam e se abraçavam – e rolavam na grama, pulavam pedras no rio e fingiam ser Fred Astaire e Audrey Hepburn. Pensavam imutavelmente igual. Quando perceberam isso, ah, foi um tal de “alma gêmea” pra cá, “irmão e irmã” pra cá, uma coisa de louco. Continuaram dividindo, e dividiam copos, camas, danças, até amores! O que era de um, era de outro. Quem andava perto chegava a ficar desconfortável com tanta sintonia. “Meu Deus, eu não entendo nada que esses dois falam”. É porque, meus caros, eram não somente bons entendedores, mas especialistas um no outro, e meia letra já bastava! No início da frase, os dois pares de olhos se encontravam e riam em consentimento, uma coisa incrível. Um já não vivia mais sem o outro, “eu não existo sem você”, até que um dia... Wow, a arca tinha diminuído de tamanho! Sempre vaidosa, com essa mania de emagrecer. Estava linda.<br /><br />E passaram por tanta coisa juntos. Gargalhadas – e quantas! –, panelas de brigadeiro, brigas (“esses dois parecem um casal de velhos, estão sempre se xingando”), sessões de cinema, de teatro (e quando era a arca que estava no palco, ela chorava), perdas e lágrimas. É, lágrimas. A arquinha bem que tentava passar a impressão de que era dura como a madeira de que era feita, chegava a dizer com todas as palavras que tinha coração de “pedra”! Mas a menina, e talvez só ela, não se deixava enganar.<br /><br />A arca não era sempre a única na vida da garota, mas ocupavam sempre o mesmo lugar em dois corações. Ela, a menina, sempre fora cercada de boas amigas, mas o baú tinha algo díspar. E ela não sabia dizer, com precisão, o que era. Talvez fosse tampa de menino-homem com conteúdo melindroso, o bruto da madeira com a sensibilidade dos rococós entalhados, ou mesmo a contemporaneidade de quem sempre fora à frente do seu tempo. E era precoce, mesmo.<br /><br />Certa vez, a garota sonhou que a arca escrevia para ela, e sobre ela: “Por trás de duas enormes lentes escuras, como se escondidos, dois olhos expressivos. É fácil perceber que são tímidos. Difícil é percebê-los na camada embaixo da íris ou de qualquer parte material que se sobreponha aos seus verdadeiros adjetivos: são doces. (...) Descobre-se, no fim das contas, que os óculos escondem os olhos não para esconderem a dona deles. A culpa é da tal fotofobia que faz com que lacrimejem fora de hora - o que, vamos combinar, é um tanto incômodo”.<br />É, ela nunca perdia o humor, característica – e essa é importante destacar! – que estava entranhada em cada poro envernizado da madeira. Às vezes, a menina achava que a arca a conhecia melhor do que ela mesma, e acreditava ser recíproco.<br /><br />E, sabe, tinha gente que não reparava os detalhes na madeira trabalhada, adornos que, esculpidos na arquinha, a tornavam muito mais formosa do que qualquer convencional fabricada em série. Essa era única. Mas aí teve um dia em que ela foi acordada com um clique e, quando deu por si, a tampa da arca havia aberto. O estampido foi ouvido de longe, e por muita gente. Gente essa que, boquiaberta, admirou o conteúdo do baú. A menina assistiu do parapeito da janela, com um sorriso bobo no rosto, as pessoas embasbacadas fazendo festa, apertando a mão e saudando aquela peça que colecionador nenhum tinha parecida. Dessa vez, ela pôde dividir as lágrimas de orgulho com mais uma multidão. Mas, no entanto, havia uma felicidade que era só da garota: a de saber que, para ela, a arca sempre esteve aberta exibindo o maior tesouro, amarelo e reluzente. Que nem os seus cabelos.<br /><br />A arca, como dádiva, veio em seguida do momento mais difícil da vida da menina e esteve presente nas épocas de maior aprendizado. E, então, a dupla cresceu, não andava mais junta todo o tempo. Mas o tesouro estava, para sempre, enterrado no cerne de cada um deles. E nada tira a certeza de que os dois, juntinhos, irão sentir as rugas na cara e as lascas do mogno diluindo o tempo, bem velhinhos, vez ou outra palpitando sobre amores, lençóis, arte, passado e sonhos.</p><br /><br />*<br /><br />Mariana Bradford.<br />(O que houve que os headers viraram fantasmas?)Mariana Bradfordhttp://www.blogger.com/profile/01587992717456463903noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-12903900600348315262008-01-23T01:02:00.000-02:002008-01-23T01:24:36.172-02:00<img src=http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headersimone.jpg ><br /><br /><strong>SOB A LONA - A FESTA</strong><br /><br />Não deu tempo de passar em casa, então Amanda resolveu ir direto, na verdade quando saiu de casa cedo estava preparada para isso, com duas horas de antecedência lá foi ela, uma bastaria mas para garantir preferiu antes, até porque o espetáculo quando é esperado, começa bem antes, foram ingressos disputados aos tapas – tapas com luvas de pelica porque são caros demais. Amanda estava feliz, afinal de contas conseguiria testemunhar o tão falado espetáculo. Finalmente !<br />As luzes diminuíram, a melodia suave começou, o cenário lentamente foi surgindo, montando delicadamente todo o contexto, os primeiros personagens já passeavam pelo palco, desavisados com pura marcação, com expressões inesquecíveis, eram velhos e vagabundos, menestréis com bobos da corte, o velho aceitando o convite da magia para mais uma vez ter a alegria de um menino, no meio de tantas cores e roupas, luzes, músicos...Amanda também aceitou o convite e embarcou na viagem....foi quando de repente... lá estava ela, a bailarina-cantora...que começou a descer uma pequena rampa que terminava no palco central, era uma bailarina estilizada do século XV, algo assim, toda de branco com peruca também da época, cachos brancos no rosto tão branco com um pó tão branco quanto de uma gueixa, suave em seus passos e gestos, meio anjo, meio mulher. Após alguns instantes Amanda se fixou naquela pequena e delicada criatura, foi quando a bailarina-cantora começou a cantar, neste exato momento Amanda teve a sensação de tudo parar, foi quando os seus sentidos se reuniram para ouvir com toda atenção do mundo aquela voz, meio anjo, meio sereia, tão familiar, ela cantava e fazia gestos delicados, poderosos, sua voz tão bela... afinal de contas era uma bailarina que viajou no tempo, passando por muitos lugares e épocas, chegou estilizada, só com a armação de arame da saia , toda branquinha, por baixo da armação um corpete e calça com rendas e babadinhos, seus cachos eram branquinhos e na cabeça duas antenas com brilho discreto, parece esquisita mas não era, tinha beleza e magia, mal abria a boca e a voz poderosa invadia o espaço e Amanda perplexa ouvia, cada nota, olhava o palco e sentia o coração bater mais rápido, a emoção transbordou numa experiência única ...<em>Alegría Come un lampo di vita Alegria... Come un pazzo gridar </em><em>Alegria Del delittuoso grido Bella ru</em>ggente pena, seren... Come la rabbia di amar Alegria... Come un assalto di gioia... imediatamente Amanda sentiu sua alma entrar em uma fantástica e maravilhosa <strong>festa</strong>, da qual não queria sair mais, uma sensação jamais sentida, teve certeza que aquele era o seu destino, perdido até então em alguma esquina, sim desejou ser a bailarina-cantora, sabia que seria tão feliz tão feliz que não caberia em si, imaginou a vida daquela criatura, vida que um dia foi dela talvez... <em>Alegria Como la luz de la vida... Alegria Como um payaso que grita Alegria... Del estupendo grito De la tristeza loca Serena... Como la rabbia de amar... Alegria Como un asalto de felicidad</em>. O espetáculo chegou ao fim e Amanda foi pra casa pela metade, a outra parte ficou com a cantora-bailarina, não deu para seguir inteira, aliás nunca mais Amanda seria a mesma porque sua outra metade encontrou sua verdadeira sina sob a lona branca e mágica, fazedora de sonhos, uma festa constante à disposição das almas que em breve partiria mais uma vez e seguiria por esse mundão de Deus.Simone Bottohttp://www.blogger.com/profile/12210773816582151490noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-1774272316709738102008-01-21T17:46:00.000-02:002008-01-22T18:16:11.519-02:00<img src=http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headerclara.jpg ><br /><br /><br /><br />Olívia fumava um cigarro mentolado, enquanto seus pensamentos voavam pelo quarto empestado de fumaça. Lembranças. Muitas lembranças. Poucas lembranças. Da <strong>festa</strong> do dia anterior ela lembrava de alguns cheiros. Ela tinha essa coisa com cheiros. Lembrava do cheiro de cerveja na roupa dele e de como ela o beijou como se aquilo fosse a maior loucura que fizera na vida. Talvez tivesse sido. Seu nome naquela noite foi Ana. Não tinha mais aquele jeito doce. Não tinha mais medo. Não tinha nem mais aquele cabelo comprido. E seu estômago passou a noite dando voltas incontroláveis. O nome dele era Rodrigo. E ela acreditou. Disseram mentiras a noite toda, como se aquilo fosse uma simples brincadeira de faz de conta. Ela disse tudo que gostaria que fosse verdade. Fez tudo que Olívia jamais pensou em fazer.<br /><br />Deu a última tragada no cigarro, deitada naquela cama de motel, ouvindo o barulho do chuveiro ligado. Não quis esperar. Que as mentiras continuassem soando como verdades. Que Olívia continuasse sendo Ana. Pelo menos para Rodrigo.<br /><br />Foi embora, levando de lembrança uma daquelas caixas de fósforo de motel.<br /><br />****<br /><br />Era o décima copo d’água que Marcelo tomava, enquanto seu irmão, Felipe, tentava o convencer de que a melhor solução era o tal do chá de boldo. Depois de duas aspirinas e do tradicional Engov, não havia nada que fizesse parar a dor de cabeça de Marcelo.<br /><br />Marcelo, que na <strong>festa</strong> do dia anterior tinha sido Marcelo mesmo, não sabia se a ressaca era por conta de toda a vodka ou por conta das três dançarinas russas (embora ele tenha certeza que uma delas era cearense) que amanheceram com ele no motel.<br /><br />Da noite anterior não tinha muitas lembranças. Lembrava vagamente de ter tentado falar russo com a dançarina ruiva e de ter subido no balcão para fazer um streaptease.<br /><br />Agora, seguindo os conselhos do irmão, resolveu tomar o chá de um gole só. Precisava melhorar até o fim do dia.<br /><br />****<br /><br />Adornada de magníficos lilases, a igreja preparava-se para receber a noiva. Contentes, ansiosos e ligeiramente invejosos, os convidados arrumavam-se nas cadeiras, ouvindo a música clássica e preparando-se para cair em prantos na hora do beijo.<br /><br />Marcelo, ansioso em seu terno de linho, admirou placidamente a entrada cuidadosa de Olívia, em seu vestido branco. Quando o casal se juntou no altar e o padre deu início à cerimônia, ambos se olharam por um instante, cúmplices. Estavam prontos para o “sim.”Clarahttp://www.blogger.com/profile/01456205647335137688noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-91975936341070299742008-01-20T17:40:00.000-02:002008-01-21T00:19:09.859-02:00<img src=http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headercrisbraga.jpg ><br /><br /><br />Quero dizer só uma coisinha antes da palavra festa. Não tenho arma em casa, não fui criada assim e criei meu filho do jeito que aprendi: estimulando a paz e a conciliação. Quando criança meu pai sempre proibiu - taxativamente - até revólver de brinquedo entre meus irmãos (somos 3). Ganhávamos bonecas, postos de gasolina, jogos e éramos estimulados a brincar criando historinhas de vida. E assim criei meu filho. Por isso nunca entendi armas e seus acessórios.<br />Sinceramente, não vejo sentido algum em nada disso. Filme de bandido e mocinho, só indiana Jones ou a historinha da Cris Chevriet.<br />Polícia usa arma no <strong>coldre</strong> e não protege o cidadão. Bandido não usa arma no coldre e barbariza com a população. Ambos atiram sem piedade e sem sentido. Para que inventaram armas e consequentemente o coldre?<br />Sei lá. Só acredito na paz, na poesia e na astrologia. E sempre vou preferir flores e balas comestíveis para adoçar a vida e o pensamento!cris bragahttp://www.blogger.com/profile/05097256782823710449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-46410536254915330262008-01-18T20:36:00.000-02:002008-01-19T00:07:25.858-02:00<div align="center"><img src="http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headervytoria.jpg" /><br /><br /><br />Neurônios Vizinhos – “En Estado de Convalecencia”<br /></div><div align="center"><br />Gente!<br />Na noite de domingo ela me pegou de jeito<br />Essa danada !<br />Sugiro que fujam dela!<br />Ela não vale nada!<br />Jogou-me na cama!<br />Suei, queimei,<br />ARDI EM FEBRE !<br />Provocou-me delírios, alucinações !<br />Depurou-me , esta vampira!<br />Amanheci com o corpo sem corpo... </div><div align="center">Passei o dia assim, um trapo!<br />Quatro noites!<br />QUA-TRO! </div><div align="center">Quatro dias!<br />Somente hoje, comecei a convalecer-me desta posse!<br />Por-tanto,</div><div align="center">peço desculpas<br />mas nesta semana<br />estas,<br />são as únicas sentidas e poucas palavras<br />que consigo<br />sacar<br />de meu<br /><strong>coldre</strong> pensátil .<br />Além desta singela sinápse,<br />nenhuma outra, </div><div align="center">nada mais.<br />Sei ,<br />que todos vocês são flexíveis para perceberem meu argumento.<br />Um beijo!<br /><br />P.S : eu te odeio Virose! </div>Vytoria Rudanhttp://www.blogger.com/profile/01500513429623900488noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-71337179881424543812008-01-18T18:54:00.001-02:002008-01-18T18:55:37.977-02:00<img src=http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headerlucia.jpg ><br /><br /><br /><br /><br />Um final feliz ... para o conto da Cris<br /><br />Seus olhos se encontram. A hostilidade imediata dá lugar, inesperadamente, a uma curiosidade genuína. Curiosidade advinda de um reconhecimento simultâneo. Da identificação recíproca de um comportamento aprendido, herdado, cobrado e, extremamente, desgastante de ser macho naquele ambiente, naquele tempo.<br />A tal mulher, pomo da discórdia, sai da mercearia naquele momento. Lê imediatamente a cena. Os dois homens, depois de a perscrutarem por alguns instantes, se entreolham mais uma vez. Estão, principalmente,cansados; estão fartos de performarem seus papéis, impostos, inclementes.<br />A mulher então, não tão bonita fisicamente, mas intuitiva e resoluta, tem uma idéia inusitada. Hesita, mas dá total crédito e vazão à sua intuição, convidando ambos a irem à sua casa... tinha uma cerca que teimava em cair e algumas tábuas soltas no chão da varanda... E acabara de comprar umas maçãs que prometiam se transformar em uma deliciosa sobremesa. Os homens, surpresos, olhavam para ela e se entreolhavam e de novo para ela... Foi o mocinho barbado quem se pronunciou primeiro; surpreendendo o seu pretenso adversário: "Eu na verdade, gostaria muito. De lhe ser útil, conversar e, finalmente, provar da torta de maçã". Ao que o "vilão" respondeu de chofre, com uma satisfação insuspeita para ele próprio: "Por que, não?"<br />E os três, animados pela promessa de uma perspectiva sem par em suas vidas, caminharam lado a lado. Se olhando, vez ou outra, de rabo de olho. Mas muito entusiasmados. E cada vez mais leves...Escotilha Entreabertahttp://www.blogger.com/profile/15885393618159218853noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-74853896533080396342008-01-18T13:51:00.000-02:002008-01-18T14:05:03.138-02:00<img src=http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headerdiana.jpg ><br /><br /><br /><br />O trem que parte sai tarde<br />Não queria ficar não queria partir<br />Mas tinha que escolher<br />Ou <br />Não poderia fazer os dois – me dividir<br />Ele parte tarde porque já fui <br />E já fiquei<br />E já voltei<br />Vou, fico e volto<br />Volto, fico e vou<br />Sou, estou, fui<br />Sou, sou, sou<br /><br />..........................................................................<br /><br /><strong>Coldre</strong>, <strong>coldre</strong>... Lembro que fiquei sabendo o que era um <strong>coldre</strong> quando estava ensaiando o “Rapto das Cebolinhas”. A produção tinha que achar um para o personagem Camaleão Alface – foi uma busca!! Não conseguiam encontrar um <strong>coldre</strong> que funcionasse com o figurino. Na verdade nem sei se encontraram um. È bem possível que as armas tenham acabado ficando dentro do bolso da calça do ator. Que loucura, fiquei em cartaz com essa peça durante dois anos e não me lembro se acharam ou não o <strong>coldre</strong>!!diana herzoghttp://www.blogger.com/profile/12354239616372938021noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-28907628.post-85680182336713252452008-01-17T22:11:00.000-02:002008-01-18T10:18:02.309-02:00<img src="http://i54.photobucket.com/albums/g97/raqueiroga/headercrischevriet.jpg" /><br /><br /><br /><br /><strong>Uma Parte da História</strong><br /><br />Gostaria de escrever nesta quinta-feira que já chegou e nem percebi, uma farsa, uma história bang-bang, uma metáfora cheia de onomatopéias com pinceladas de faroeste. É o que me vem à cabeça quando penso nesta palavra pouco usual. Um cowboy rebelde porém charmoso, o dia empoeirado, as pessoas com as janelas entreabertas e o silêncio do dia quente. A imagem é lenta, ouve-se o ranger da porta do bar, e não vou dizer saloon porque já me americanizei demais por hoje.<br /><br />Nesta paisagem o tempo tem um ritmo seco de sons escaldantes e solitários. A solidão não tem pressa ela se faz sentir no balanço, no vai e vem da porta do bar de onde saem dois homens. Eles sabem andar daquele jeito masculino de ser, cheio de couro e brim displicentes. <br /><br />Imagino o mocinho assim: a barba cerrada,o rosto marcado, traga o cigarro e ajeita de leve o chapéu suado, de modo muito particular nos faz perceber que o gesto simples é seu, só seu, porque está pensativo, como a refletir o momento.<br /><br />Isto posto devo dizer que o vilão é mais adequado, arrumadinho e empertigado, o que já o transforma em alguém duvidoso. Ele certamente terá seus fãs, o que causará uma deliciosa controvérsia, fermento de toda boa história. <br /><br />Muito embora, o que chamei de vilão não tenha um caráter de todo maligno, se mostrou bastante interessado em brigar com aquele que um dia fora o mais sincero dos seus amigos. Diga-se de passagem que no meio da guerra sempre existe uma mulher, que nem é tão bonita - não é a mais bonita do lugarejo - mas tem olhos fascinantes, pois mais belo do que os céus, é o modo dela olhar. Voltando ao nosso amigo, da barba muito bem feita, devo confirmar que não é de todo mau, mas esta vaidade latente lhe confere ares antipáticos, diria que se trata apenas de um equivocado. Ele não sabe ao certo, mas desconfio que deseja - além da mulher dos olhos de feitiço, aquele olhar profundo - o charme avassalador do seu oponente. <br /><br />Por outro lado, o adversário - mocinho anti-herói - com jeito sofrido, calado, calças surradas e aventureiras, não sabe direito onde anda o seu desejo, guardou-o na fivela de prata e saiu pelo mundo a procurá-lo. <br />Duelam por ela e por eles. O amor do avesso.<br /><br />Caminham tensos. Estão posicionados e se encaram ao longe. <br /><br />E eu, na verdade, comecei o texto pensando em chegar a este momento, no definitivo segundo da falta de ar e mãos no <strong>coldre</strong>. Quando as mãos próximas ao <strong>coldre</strong> ganham vida própria, respiram.<br /><br />Queria falar apenas do tempo, deste tempo que é inexistente. O segundo.<br /><br />Façam o final da história.Crishttp://www.blogger.com/profile/08850113388695696399noreply@blogger.com4