Mergulho na praia ventosa. A terra respira, tempestuosa. A areia fina serpenteia, helicoidal, em turbilhões, ao meu redor e eu, abatida sem clemência, abaixo os cornos encapuzados em minha capa e invisto. Submerjo camada por camada, tensionadas, ululando, wagnerianas, em meus ouvidos, cegando meus olhos que, por apertos míopes, borrifam lágrimas salgadas, quentes.
Ando de frente, de costas. A capa balão acompanha o Sirocco buziano; gruda, ventosa, em meu corpo. Proa, popa. O elástico do cabelo é tragado por uma turbina de Odin. Palhas salgadas, ressequidas, de cana de açúcar, chicoteiam, furiosas, escapando ao capuz, curiosas.
Salpicados na areia, aqui e ali e lá na frente e onde ficou prá trás, pingüins, náufragos dos ventos, das marés. Atraídos obsessivos e obcecados pela ânsia comum de penetrar na corrente do jato. Como pensamentos e gozos vertiginosos, convertidos em formidável energia eólica, detonando birutas em preto e branco.

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